Informações
Eixos Temáticos dos Grupos de Trabalho
(GT)
A Comissão Organizadora do IVENHPG e IIENGH, juntamente com os membros
da Rede Brasilis definiram os seguintes eixos temáticos:
HISTÓRIA DO PENSAMENTO GEOGRÁFICO
1) Matrizes do Pensamento Geográfico
As matrizes do pensamento revelam sempre tendências epistemológicas,
base das grandes formas de organização do pensamento. Conforme
Machado, as matrizes revelam-se como ideologias científicas e como
tal exigem reflexões que as desvendem. Dentre essas grandes tendências
podem ser elencados os marxismos, os positivismos, os culturalismos e outras
em suas mais variadas apresentações.
2) História das Ideias e das Práticas Geográficas
Ao longo da instituição da geografia diferentes ideias/leituras
e interpretações de fenômenos e processos foram construídas
bem como práticas para tentar apreendê-los. Essa discussão
visa conhecer esses encaminhamentos explicitando os conceitos empregados
e metodologias. As possibilidades de indicação de avaliações
dos aprendizados conquistados se mostra também interessante para
constituição do campo da ciência geográfica.
3) História do Urbanismo
O urbanismo, uma disciplina ou atividade técnica é aqui entendido
com o poder de alterar a cidade enquanto espaço construído
e a sociedade que a constrói e que a usa, além do desenhar
a cidade que se quer, também determina como essa deve ser obtida
e usada. A utopia de poder formatar a sociedade que aí habita ultrapassa
o desenho do assentamento urbano proposto e abre o pensar para novas relações
entre seus componentes sociais. o urbano e a cidade seriam, nesta seqüência
os objetos de trabalho do Urbanismo e do Planejamento Urbano (por extensão
o regional também). Assim o Urbanismo, o ato de intervir fisicamente,
de construir, de ampliar, de reciclar, ou de revitalizar.
4) História da Cartografia
A Cartografia, enquanto constructo histórico está relacionada
às intencionalidades, técnicas disponíveis, objetivos
a serem alcançados e, simultaneamente omitidos. Esse eixo pretende
discutir a construção da Cartografia em sua interseção
com as representações e construções dos territórios,
mitos, crenças, técnicas que envolveram a produção
e circulação de mapas. Pretende-se discutir os processos envolvidos
na elaboração dos mapas (técnicas), a variadas formas
de representação dos espaços, da circulação,
bem como em que medida essas representações afirmaram e reafirmaram
ou se contrapuseram a concepções mais gerais a respeito dessas
questões.
5) Viagens, Expedições Científicas e Inventários
Territoriais
Importantes desde o século XVIII, as academias científicas
na Europa tornaram-se modelos de instituições através
das quais foram se desenvolvendo regras para a produção do
conhecimento e para o debate de ideias. As grandes expedições
científicas tiveram nesse contexto papel bastante significativo na
construção de todo um ideário acerca dos lugares e
das gentes que foram sendo “descobertas”. Resgatar os relatórios
e a história dessas expedições, dessas viagens, desses
viajantes tem se constituído num desafio que remete a elaborações
antigas, mas que se refletem permanentemente nas formas de olhar o “Novo
Mundo”. Desafio maior impele muitos a desvendar que reflexos ainda
deixou esse grande conjunto de produções.
6) Saber Geográfico e sua Relação com o Pensamento
Social e os Âmbitos Institucionais
A construção do pensamento geográfico articulado ao
pensamento social em escala mais ampla é objeto de discussão
desse eixo. Pretende-se problematizar as relações entre a
construção teórica e metodológica da Geografia
com as ciências afins, bem como averiguar em que medida certas formas
de pensar e produzir conhecimento no campo da Geografia coaduna/se contrapõe
aos processos materiais de intervenção nos espaços
e territórios.
7) Trajetórias Intelectuais e Institucionais de Geógrafos
A composição da história do pensamento geográfico
amalgamou contribuições de diferentes intelectuais e instituições
que direta ou indiretamente elaboraram proposições concernentes
a disciplina e/ou seus objetos de estudo. Assim, textos, relatos, relatórios
encomendados ou não apresentavam, interpretavam e criticavam espaços,
regiões, paisagens e territórios em uma gama múltipla
de escalas (local, regional, nacional e internacional). Conhecer e reconhecer
tais contribuições favorece o compartilhar dos saberes e leituras
sob distintos níveis de visada teórico-metodológica.
8) Representações Geográficas e Construção
de Identidades Nacionais e Regionais
Esse eixo pretende discutir as interações entre a Geografia
e outros campos científicos, notadamente aqueles relacionados às
construções de identidades calcadas numa matriz territorial.
Nessa relação de fronteira entre a geografia e as construções
identitárias a respeito dos lugares, territórios e espaços,
em qual medida diversos discursos, práticas e representações
de acentuada expressão territorial se fizeram presentes? Quais suas
similitudes e distanciamentos? Em que medida discursos geográficos
corroboram e se contrapõem a determinadas concepções
hegemônicas acerca dos espaços e territórios? Em que
medida essa matriz territorial se faz presente em outros campos? E em que
medida, concepções e práticas de outros campos são
incorporadas no pensamento e no discurso geográfico de modo a colaborar
para a construção de representações (positivas
e/ou negativas) a respeito de lugares, espaços, cultuas, civilizações?
9) História da Geografia Escolar
Em praticamente todos os países ocidentais, a geografia se organiza,
primeiro, como disciplina escolar para, posteriormente, alçar um
lugar e legitimidade na academia. Esse eixo intenta discutir a historicidade
da constituição da Geografia escolar em suas interfaces com
a Geografia acadêmica. Em que medida os discursos de ambas se entrelaçam
e se distanciam? Como foi sendo constituído, ao longo do tempo, um
discurso específico a respeito dos saberes geográficos escolares?
Qual a relação entre os livros didáticos e as variadas
concepções a respeito de espaços, territórios,
povos, culturas, conflitos, entre outros? Quais os instrumentos, discursos,
materiais de apoio desenvolvidos ao longo do tempo, para auxiliar o ensino
dessa disciplina? Qual sua relação com a construção
de identidades territoriais, nacionais, regionais, locais? Quais os processos
e práticas, discursos e legislação relativa à
formação de professores de geografia, no tempo, e em especial,
no Brasil?
GEOGRAFIA HISTÓRICA
10) Geografia Histórica e Pensamento Geográfico
O referido eixo se destina a acolher os resultados de pesquisas que abrangem
uma ampla variedade de tópicos e questões que estabelecem
relação entre o passado e o presente nos processos de (re)produção
social do espaço. Nesse subcampo da geografia há o desenvolvimento
de estudos sobre determinados padrões geográficos que se manifestam
no espaço, os processos que sofrem transformações,
mas carregam resquícios de um tempo anterior e, também, as
interações entre a sociedade e o meio ambiente ao longo do
tempo com permanências e mudanças. Ou seja, os trabalhos debatidos
a partir desse eixo devem se ater às reflexões sobre os processos
históricos de modernização interligando os conhecimentos
propiciados pelo pensamento geográfico com outros campos do conhecimento,
especialmente a história.
11) Metodologia e Fontes em Geografia Histórica
As discussões aqui almejadas pautam-se na teoria crítica que
não se limita a constatar, descrever e classificar fenômenos.
Ela busca compreender as tendências, o movimento que se oculta e se
manifesta nos eventos e nas fontes que os relatam. Buscam-se análises
daquilo que está contido em germe na realidade, para examinar o atual
e o realizado, para reinterpretar e ressignificar passado e futuro. Para
realizar o novo, contido em germe no real, é imprescindível
um novo modo de pensar. As implicações práticas, concretas,
estratégicas não se coadunam com as representações
e lançam ao pensamento crítico a necessidade de abordar o
espaço de maneira diferente da efetuada pelas ciências tal
como consagradas, que o recortam, o fragmentam, o analisam, mas não
chegam a atingir uma síntese superior ao deixar na sombra a dialética
do possível-impossível constitutiva do real. Assim, serão
priorizadas metodologias e fontes que incitem o avaliar de ferramentas e
procedimentos e ainda a formulação de novas práticas
que convirjam para domínios interdisciplinares.
12) História Ambiental
A história ambiental surgiu no último quartel do século
XX, a partir das discussões ligadas à crise ambiental que
se abateu, de forma semântica, discursiva e política, sobre
a sociedade a partir da década de 1960. Esse subcampo de estudos
e pesquisas procura analisar as interações entre os sistemas
sociais e naturais, priorizando categorias tais como a reconstrução
de ambientes naturais do passado, as análises sobre as diferentes
formas humanas de produção do espaço e as consequências
e os valores e representações sobre o mundo natural em diferentes
fontes de estudo e interpretação. Assim, o presente eixo visa
acolher os resultados de pesquisas a partir dessas categorias, visando ampliar
a compreensão sobre as interações entre sociedade e
natureza e as contradições resultantes de tais interações.
13) História Urbana e das Cidades
A cidade e o urbano são construídos historicamente num processo
que co-existem dinâmicas, formas, modos de funcionamento e idealizações
que fazem emergir uma problemática urbana (uma “questão
urbana”) que chama nossa atenção e se torna objeto do
conhecimento ao longo da história. Nessa (re)produção
das cidades surgem várias vertentes da pesquisa sobre a história
urbana e das cidade que devem ser valorizadas uma vez que despontam por
meio dessas pesquisas concepções sobre o urbano e a cidade,
sobre as diferentes formas de segregação, sobre as diversas
ações do Estado no espaço urbano etc. Assim, o presente
eixo visa discutir os resultados de pesquisas sobre as origens e o desenvolvimento/reprodução
das cidades e as diferentes formas de ordenamento/segregação
espacial ao longo do tempo, tendo como pressusposto o entendimento de que
a cidade é um fenômeno social que se materializa no espaço.
Ao mesmo tempo, o eixo procura contemplar resultados de pesquisas que versem
sobre as diferentes formas de planejamento territorial em perspectiva histórica
e que contemplem estudos que resgatem o nascimento e as diferentes naturezas
de intervenção dos agentes sociais e do Estado no espaço,
com suas políticas de intervenção e as contradições
derivadas dessas ações.
14) Cartografia Histórica
A cartografia histórica é um subcampo de estudos e pesquisas,
ligado à cartografia, que procura analisar as principais características
da configuração dos territórios em um perspectiva histórica
refletindo sobre o surgimento e o desenvolvimento desses territórios,
por meio das interpretações de mapas e cartas de “tempos
recuados”, sendo que , em alguns casos, há um interesse maior
sobre a cartografia naútica, urbana e territorial. Dessa forma, são
desenvolvidas pesquisas que se debruçam sobre as produções
cartográficas de viajantes, cartógrafos oficiais, militares
e elaboradas por artistas diversos. Os estudos centrados nesse subcampo
do conhecimento são importantes para sanar lacunas do conhecimento
que, muitas vezes, estão presentes nos estudos com outras fontes
documentais. Nesse sentido, o presente eixo temático acolherá
trabalhos que expressem resultados de pesquisas sobre esses processos histórico-geográficos.
15) Dimensões do Estudo Geográfico: Categorias, Escalas
e Periodizações
As aproximações da Geografia com seu objeto de estudo mobilizam
diferentes componentes do seu cabedal teórico-metodológico
presente em seus paradigmas. Assim, categorias conceituais emergem como
espaço, lugar, paisagem e território focadas em escalas geográficas
múltiplas e em periodizações diversas. Tendo em conta
as possibilidades/impossibilidades de um novo pensar, o conhecimento pode
ser alcançado ao ultrapassar o factual, o constatar, descrever e
classificar fenômenos. As dimensões do estudo geográfico
enquanto mediação visa identificar e correlacionar ordens
próxima e distante. A ordem próxima é aquela do campo
circundante, por exemplo, da cidade que domina, organiza, explora extorquindo-lhe
sobretrabalho. A ordem distante é a da sociedade no seu conjunto
(escravista, feudal, capitalista etc.). Enquanto mediação,
as dimensões abrigam contradições da sociedade considerada
se manifestam, como, por exemplo, aquelas entre o poder político
e os diferentes grupos sobre os quais esse poder se estabelece. Assim, serão
priorizadas dimensões que incitem o avaliar dessas categorias, escalas
e periodizações e ainda a formulação de novas
práticas que convirjam para domínios interdisciplinares.
16) História e Formação Territorial
Processos de formação dos territórios devem ser estudados
e compreendidos em sua dinâmica e fluidez, no tempo e no espaço.
Nesse eixo, a intenção é discutir as relações
entre a história e a formação dos diversos territórios
no tempo, tanto na escala global, quanto nacional e regional. Quais matrizes
do pensamento histórico reverberaram nas concepções
geográficas? Quais matrizes do pensamento geográfico extrapolaram
a especificidade desse campo, e se fizeram presentes em outros campos científicos?
Quais dinâmicas podem ser identificadas, analisadas, compreendidas
em relação à formação dos territórios
e à dinâmica territorial humana, social política, econômica,
cultural? Quais os componentes dessa dinâmica? Quais suas contradições?